terça-feira, 24 de março de 2009

Augusto cinzel

Sonêto que fiz em homenagem a Ivo Pitanguy.


Ó Quirão hodierno que às fuças medonhadas
por anos cruentos novas formas, Fídias, dás!
Flor de fino escultor em esculápio enxertada,
teu mármore é a carne, tuas Vênus as aliás!

Ante a pele recortada rechaças exúndias, rugas
expulsas, a coorte das perebas é pura debandada!
Percuciente, varizes devassas; tartarugas
tornam musas; mulas, princesas encantadas!

Extorques versos à banharada e odes às estrias!
Cada corpo disforme, cada ogro com que porfias,
ó César cirúrgico, ó Virgílio da tez, é Briaréu

derrotado, horrendo, pálido, deformado;
e é de casca tal que retiras, inigualado,
a beleza oculta que fulge qual sol no céu!

Nenhum comentário: